Mandioca, macaxeira, aipim, castelinha. Rotatória, queijinho, balão. Abóbora e jerimum, mexerica e bergamota. Em um país continental como o Brasil, é comum encontrar mais de uma palavra para o mesmo significado. O que muda é só o hábito cultural de cada região. Mas, afinal, esse regionalismo também existe na Língua Brasileira de Sinais (Libras)? A resposta é sim. Veja exemplos.
Libras é a comunicação oficial da comunidade surda no Brasil e, assim como o português para os brasileiros oralizados, tem suas variações. A língua de sinais, como qualquer outra, é dinâmica, tem interferências históricas, culturais e pode sofrer modificações em relação à localização geográfica, à idade, ao gênero de quem se comunica.
A variedade linguística dos sinais acontece quando se modifica pelo menos um dos parâmetros que definem a Libras. São eles: a direcionalidade das mãos e rosto, o ponto de articulação de onde parte o movimento, a configuração de mãos, o movimento propriamente dito e as expressões faciais e corporais. Quando algum desses elementos se difere do padrão, é como se fosse um sotaque dos sinais.
VERDE
Um exemplo clássico é a sinalização da cor “verde”, que é diferente no Rio de Janeiro, Paraná e São Paulo. Na variante carioca, são usadas duas mãos, sendo uma de apoio. Nas capitais São Paulo e Curitiba, só há uso de uma mão, mas não fazem o mesmo sinal. Na primeira, o movimento é mais amplo, enquanto no estado do sul o se restringe à região do rosto.
CERVEJA
Em São Paulo, o sinal de “cerveja” é feito com um giro do punho como uma meia-volta. Em Minas Gerais, a bebida é citada quando os dedos indicador e o médio batem no lado do rosto.
TRISTE
O sinal “triste” do Rio de Janeiro e do Mato Grosso do Sul são parecidos, mas têm configurações de mão diferentes. Já o sinal em São Paulo destaca mais o sentido de “mágoa” no peito.
MAS
O conectivo “mas” também varia. A principal diferença entre o sinal paulista e o carioca é uma pausa feita no final do sinal pelos surdos no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a configuração de mãos é fechada com dedos indicadores cruzados, enquanto no Rio usa-se mãos abertas e palmas para frente.
equipe LIBRAS-SE
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