Passar por dificuldades não é exclusividade de ninguém, de fato. De maneira geral, todos que fazem parte da sociedade tem relatos de momentos de ‘aperreio’. Entretanto, para a pessoa surda com certeza existem mais momentos em que isso se faz presente. A principal dificuldade dos surdos é a comunicação, tão essencial para o desenvolvimento pessoal e social.
Isso ocorre mesmo que a Língua Brasileira de Sinais (Libras) seja assegurada como direito pela Lei Nº 10.436, de 24 de abril de 2002. A legislação prevê a garantia de formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da língua por parte do poder público e de empresas concessionárias de serviços públicos.
Ainda de acordo com a lei, o sistema educacional federal e os sistemas educacionais estaduais, municipais e do Distrito Federal devem garantir a inclusão nos cursos de formação de Educação Especial, de Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior. Mas, na realidade, a situação é bem diferente.
"O QUE A GENTE PEDE É RESPEITO"
Misael Weslley ficou surdo ainda na infância e, atualmente, é professor de Libras. Ele comenta as dificuldades que o público enfrenta em seu cotidiano por não haver intérpretes ou pessoas capacitadas para atender as pessoas não ouvintes em serviços básicos, como instituições financeiras, polos de saúde, entre outros.
O sonho da comunidade, segundo Misael, é que todos consigam aprender Libras e possam se comunicar. Dessa forma, as dificuldades seriam minimizadas
“As pessoas também não conseguem ainda se comunicar. É o sonho da comunidade surda. Nós temos esse sonho, mas o que a gente pede é só respeito. Nós queremos ir a um museu, queremos ir ao cinema. Nós temos uma lei e mesmo assim a lei não é respeitada”, lamenta Misael.
Ser dependente de pessoas que possam traduzir é algo que a comunidade lamenta e está cansada. O professor da língua explica que nem todas as pessoas surdas possuem condições financeiras de contratar interpretes. “A sociedade precisa começar a respeitar os surdos, respeitar a acessibilidade para todos, não é só a comunidade surda, é pra todos. Precisamos de um mundo acessível!”, diz.
Uma das coisas que as pessoas surdas mais anseiam são as escolas bilíngues, com matéria especifica de Libras, para que os futuros cidadãos cresçam com contato e fluência. Além de pessoas ouvintes já inseridas no mercado de trabalho e na sociedade busquem aprender a língua através de cursos.
De acordo com Misael, até mesmo o conhecimento básico da Libras é capaz de fazer com que haja a compreensão na comunicação. Atualmente há formação superior de Letras Libras nas universidades estaduais e federais, que possuem pessoas capacitadas e que de fato realizam a tradução.
SHOW com libras
Misael foi importante para a realização do primeiro show a ter intérprete de Libras no Piauí, em junho. Segundo ele, sua insistência à produtora foi essencial, uma vez que mobilizou a comunidade surda para que fossem atendidos. O professor conta que todo dia entrava em contato com a produtora do evento questionando a inclusão dos interpretes.
Durante o evento, Misael presenteou o cantor com o seu sinal pessoal. Após o show, a produtora informou que todos os eventos realizados por ela terá interpretes. Entretanto, é preciso ainda mais inclusão, uma vez que a comunidade necessita ficar próxima ao palco para ter maior visibilidade da interprete e assim tenham a comunicação correta, dentro de seu campo de visão.
Equipe LIBRAS-SE, com oitomeia
tradução de vídeos para Libras em 24h
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